quarta-feira, agosto 24, 2005

terça-feira, agosto 23, 2005

Quatro da tarde. 33 horas sem dormir e contando.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Texto escrito as pressas no msn. Perdoem-me.
Ele não exatamente acordou. Apenas levantou-se da cama como de costume. Há tempos não dormia nem ficava acordado. Vivia naquele estado confuso entre a consciência e a Liberdade. Tudo começou mais ou menos quando ele parou de ver as cores. Elas foram se desfazendo, granulando-se, se apagando, implodindo impiedosamente nos seus próprios espectros. Ele observava a lenta agonia das cores com indiferença, apenas aguardando o momento em que finalmente iriam morrer em si mesmas. E o mundo explodiu em preto e branco. O mundo, as coisas, as pessoas. Tudo havia se tornado cinza e real. Eventualmente, um ponto mais escuro do que os outros escuros surgia em seu campo de visão. ele, em vão, tentava focalizar os olhos mas o negrume fugia e escorregava da sua existência. Mas em seu mundo cinzento, algo havia sobrevivido. Ao fim do dia, como um sonâmbulo, ele fugia para a explosão de cores do sol se pondo. Sentava num banco, a beira-mar e voltava seus olhos castanhos pro sol e se deixava banhar na luz desesperadora da morte revivida. Então aconteceu. No princípio de um pôr-do-sol indefinido, em canto quase fugido da sua visão, o ponto negro surgiu e caminhou, inadvertidamente em sua direção. Parecia que caminhava a esmo e seguia em sua direção como se estivesse sem rumo. Ele virou-se de frente pro desconhecido e esperou. De alguma forma ele sabia. O sol, no seu caminho de lamentações, vomitou as cores que, desta vez, o deixaram meio cego e, de alguma forma, haviam devolvido sua consciência, perdida há tempos. No contrate entre o mundo cinzento e o crepúsculo, o negrume foi se desfazendo, escorregando para o chão e Ela surgiu. Seus olhares se procuraram. Os olhos Dela, ele notou, eram iguais aos seus. Castanhos, profundos e vivos. Então fez-se o Silêncio. O mundo parou, as pessoas sumiram, a luz se fez mais presente e A coloriu, pouco a pouco, como uma aquarela cuidadosamente trabalhada por algum mestre esquecido. Apenas se ouvia, ao longe, o barulho do mar Ela recuou um passo, assustada. Ele deu um passo a frente. Ela sorriu, em sinal de reconhecimento, e moveu-se em sua direção. Se encontraram no momento derradeiro das luzes, Ela tocou seu rosto delicadamente e, com os dedos, arrancou-lhe os olhos e os jogou no mar. E ele morreu afogado na escuridão.
Death is the only hope in this miserable life.
O sol se pôs. Típico, considerando minha vida. E não, meus olhos não ficam bem na luz do crepúsculo. Hoje é noite de lua nova.

quinta-feira, agosto 18, 2005

.. Bom, acho que vc deixou um fecho de aeVivem me dizendo pra escrever, mesmo que sejam ruim. Bom, aí vai. Mais uma tentativa de voltar aos "bons tempos". Não muito boa, admito, mas talvez valha a tentavia. Quem sabe um dia eu mude o final?
No principio não havia nada. Apenas o silêncio mergulhado nas brumas da não-existência, cercado pela escuridão além da memória e da compreensão. Então, num instante infinitesimal, perdido para sempre nas memórias quânticas, houve luz. O universo surgia em todo seu esplendor. Partículas primordiais dançavam e se agrupavam, nascendo e destruindo, morrendo e criando. Então, surgiu o Verbo. E aí foi quando começou a fuder tudo. Bom, não exatamente quando o Verbo surgiu. O problema foi o que veio depois: O Tempo. Mais especificamente os Tempos do Subjuntivo, porque o Indicativo até dá pra encarar. As notícias do Primeiro são vagas e imprecisas mas, dizem, chamava Imperativo. No início, limitou-se a observar e tentar organizar o andamento das coisas, guiar quarks, neutros e fótons a seu bel prazer. Sentindo só, porém, criou o Tempo. O Indicativo pra ser mais preciso. E viu que era bom. Vieram o Presente, o Pretérito Perfeito e o Pretérito-Mais-Que-Perfeito. O Futuro não, pq o Futuro a Deus pertence. Olhando a magnitude da sua obra, O Primeiro cedeu à soberba e criou o Subjuntivo. Surgiu, assim, Pretérito Imperfeito. Do subjuntivo, é claro. O mais poderoso dentre todos os Tempos, mas com uma inveja e cobiça escondidos em sua conjugação. Por esses dias, Imperativo criou sua obra máxima: Um pequeno planeta na órbita de um pequeno sol, esquecido nos confins de uma insignificante galáxia. Todos se maravilharam com sua obra e, mesmo Pretérito Imperfeito do Subjuntivo, admiraram-se com o poder e a magnitude de tudo quanto havia sido feito. Mas então, no sexto dia, Ele cometeu seu primeiro erro: Os livros de auto-ajuda. Por todo panteão se cochichava sobre a senilidade e a incompetência do imperativo. Uma rebelião se formava e Pretérito Imperfeito do Subjuntivo (doravante conhecido como P.I.S) formou uma delegação de Tempos e pediu uma audiência com Ele: “Senhor, tem certeza sobre essa história de Livro Sagrado? Quer dizer, as pessoas podem interpretar tudo errado, vc sabe como essa gente é... Eu faria diferente, se fosse o Senhor. Essa tal de Bibl...”. “Mas não é eu. Será assim.” “Senhor, não é eu não é o corre...” “Suma daqui! Não me corrija! Eu sou o que sou!”. P.I.S recolheu-se humildemente e retirou-se. Parecia que a sede de poder havia, finalmente, dominado Imperativo e ele começou seu devaneio criacional: Cerveja sem álcool, Celine Dion, a Cruz, todos os devaneios Imperiais, potenciais destruidores do universo, vinham insuflar os ânimos dos rebeldes. Então, num ataque de loucura e embriaguês, Imperativo chamou um jovem e disse: “Hamurabi, aqui estão as bases pra que, no futuro, os Advogados surjam. Eles serão os porta-vozes do Imperativo neste planeta”. Então houve um clamor nos céus e na Terra. Revolta, massacres, morte e destruição. Sangue, saques, pilhagens. O planeta estava entregue ao deus dará, mas ele não deu. P.I.S tomou pra si as rédeas da revolução e voltou à presença Dele: “Senhor, me perdoe, mas creio que o Senhor não sabe mais o que nesta fazendo. Sou obrigado a pedir, em nome de muitos, que se convoque uma eleição.” ELEIÇÃO?!?!?! Você está louco? Não haverá eleição alguma. Eu sou o imperativo. E digo que não haverá!”.” Bom, infelizmente pro senhor, os advogados serão criados. E digo que, de acordo com o que eles dirão, haverá eleição. Mesmo que seja em juízo. E que seja o ultimo juízo dentre todos o que ocorram. Considere-se em campanha.” E aí... Bom, e aí como são 06:30 da manhã e o whisky acabou, Ele chamou Pretérito Perfeito e disse: “Fudeu”.

segunda-feira, agosto 15, 2005

Bem, não tá bom, mas é uma tentativa depois de meses. Encarem, se é que alguém ainda vem aqui, como uma tentativa de furar o bloqueio que eu mesmo imposto por alguma zona obscura de mim. E contem ainda que perdi ultima metade do texto por causa dessa merda de cpu e tive que reescrever, puto e sem paciência. enfim. Aí vai... Bom... E pra completar... Depois que eu publiquei deu pau geral no template... Claro, comigo nada é simples... Bom, tá mudado... perdi os coments antigos, por enquanto...



Era impenetrável. Espessas paredes de concreto e aço selavam o lugar, como um crânio. Havia sido projetado a pedido de um milionário, que cansou o mundo e trancou-se em seu próprio desespero. Um banheiro, uma vasta despensa, uma cama e, num derradeiro sinal de autopiedade, uma .45 completavam o cenário da sua liberdade. Sem portas nem janelas, apenas pequenos dutos para a renovação do ar, vivia nu a divargar com seus Demônios, expondo-lhes suas teorias desvairadas que já haviam lhe expulsado do mundo e estavam agora o expulsando de si mesmo. Cagava, como cagam todos, quando a ouviu:"Olá estranho". Ele, a principio, não a reconheceu. Não que a tivesse conhecido pessoalmente, ele simplesmente não reconheceu o que era aquilo que se movia e emitia sons ininteligíveis e parecia, de alguma maneira, estar interagindo com ele. Achou que pudesse ser um de seus Demônios , mas aquilo possuia algo estranho na extremidade superior, algo que Eles não tinham. Duas esferas, uma dentro da outra, a maior castanha e a menor, quase invisível, negra, circundadas por uma imensidão branca. Num ato reflexo, sentiu os lábios contrairem e ouviu sua voz responder:"Olá estranha". Como um vômito, suas memórias lhe foram devolvidas pelos deuses esquecidos da memória e a dor lancinante que se segiu à sua epifânia o fez perder os sentidos nu e sujo de merda. O barulho das águas da cachoeira batendo nas pedras do lago o fez acordar. Mesmo depois de algum tempo no exterior, a luz do sol ainda o incomodava. Baixou os olhos e a viu dormindo a seu lado, os longos cabelos dourados caídos delicadamente sobre os ombros e o rosto levemente voltado para a luz. Com suavidade, encostou seus lábios nos Dela. Ela despertou, sorriu pra ele com doçura e, mais uma vez, entregaram-se ao silêncio e aos corpos como um náufrago se entrega ao mar. Depois, como sempre faziam, nadaram até a outra margem do lago para ver o por-do-sol. E ali, no crepúsculo, onde todas as coisas morrem, Ela acriciou delicadamente o seu rosto e lhe disse:"Adeus e obrigada. Vou indo. Não que que me sigas". Pulou no lago e desapareceu na noite, jogand-lhe a solidão nas costas. A escuridão o cercou e seus Demônios voltaram, com risadas de escárnio, rindo da sua destruição. Um deles atirou-lhe sua .45. Ele a pegou, olhou-a e pensou:"Não preciso mais disso" e enfiou uma bala na cabeça, se entregando à morte como uma criança se entrega à vida: nú e sujo de merda