sábado, agosto 24, 2002

Estranho seria se tivesse dado certo. Estranho seria se eu voltasse pra casa feliz. Ela que, por um breve instante, foi, não a menina dos meus sonhos, mas a mulher da minha realidade. Dois breves instantes. Breve. Da última vez, no sonho, houveram três. Pelo menos sei onde e quando isso vai parar. Depois um, depois vazio. Estranho seria se a tal realidade fosse mais sonho. E foi. Breve. Mas acordei. Ou melhor, fui acordado. Mas nada que não fosse inesperado. Lá, bem ali, eu sabia que isso ia acontecer. Era óbvio. Achei que pudesse ser a escada que ia me tirar do abismo em que me joguei quando larguei o fio. Mas a maldita tem muitos disfarces e a escada se desintegrou sob meus pés. Pelo menos, ainda estava no início dela. A queda não foi tão brusca, mas eu voltei por lugar onde estava. Exatamente o mesmo lugar. Estranho seria se eu chegasse ao topo. Não era o topo que meu coração quer, mas, a medida que eu fosse subindo, quem saberia? Bom, aqui estou eu de volta. Imagino se o frio que sinto seja exterior. Acho que sou eu. Estou gelado. Nem uma chama aqui dentro. Frio. Perdido em algum lugar entre o sonho e a realidade. A realidade era uma fuga do sonho. E ela própria fugiu, sem sonhos. Só me resta o sonho, mas frio que a realidade. Esse não consegue fugir. E era esse, justo esse, que eu queria fugindo. Mas um consolo. Ela foi menos dura que ele. Ela não usou delicadezas cruéis, mas a sinceridade respeitosa. Pra ela, eu sou alguém. Nela, pelo menos um ífimo sentimento. A pior coisa é saber-se um nada. Pra ele, sou um nada, mesmo sabendo que é minha cria, que só existe dentro de mim. Talvez até por isso. Ela não tem medos infudados, ela sabe a distancia entre o hoje e o sempre. Ela sabe que eu sei. Ela era a Primeira Goiaba, que caiu verde. As lágrimas que correm, finalmente, mansas, calmas, também são por ela. Pela Goiaba caída ao chão. Mas são lágrimas de sonhos. Sonhos não são como deuses. Eu não acredito nele. Mas ele é real. Mas Ela e Ele, fizeram eu me enxergar. Forçado, olhei no espelho que tentava eitar e me vi. Tão óbivo. Desinteressante, massante, entediante, não belo, não exuberante, não vida. Nada. Eu. Apenas um sonhador. Sem homens de amarelo, sem homens eletrônico, sem homens do telefone e sem pores do sol. O que esperava? Era óbvio que ia ser assim. E aqui, no abismo, que agora é meu lar, no escuro, no frio, com minha companheira inseparável, fico apenas esperando o cumprimento da vida. O um. E o vazio. Estranho seria se tivesse dado certo.

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