quarta-feira, novembro 10, 2004

Hoje eu finalmente descobri onde é. O ponto exato. Lá. Da "minha" janela eu olhava, perdido no mar de casas, tentando achar O lugar que meus olhos a meses procurava. E lá estava ele. Desta vez, nem precisei procurar muito. O ponto pra onde queria voar. Um pequeno vão, entre duas árvores, que, na verdade, estavam bem antes no espaço. Eram só um moldura. Como uma outra janela me mostrando o pedaço de rua entre tantas casas. Uma rua apenas, velha conhecida. Por onde passei e fiquei tantas vezes. Se esta rua, se esta rua fosse minha. O ponto em si, não mostrava nada. Uns carros passando e o passado ficando. O vão da obra parada, que foi visto um dia de outra janela. A rua insinuava. Insinuava o ponto mais a esquerda, atrás de uma das árvores. Era ali. Eu mandava, eu mandava ladrilhar. Aquele lugar, escondido pra mim, insinuado por mim, mostrava o quanto eu estava perdido não em mim. Tentava correr a vista por outros cantos, o céu, as nuvens, mas tudo se tranformava no vão daquela rua. Lembrava que aquele mesmo céu e aquelas nuvens também eram vistos de lá. Talvez, não houvesse ninguém lá para ver na mesma hora. Mas um dia houve alguém. Um dia houve eu. E um dia houve nós. E haverá. Haverá alguém, que sempre há lá, haverá um "não eu", e haverá outro "nós". Talvez esse "não eu" e esse outro "nós" nem se toque para as nuvens, para o céu, nem para o vão da rua. Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante. Talvez "esse não" eu nem se toque pra essência da Lua, surgindo pelo vão embaixo da porta dos Olhos da Lua, mas mais clara e brilhante que eu próprio. Talvez apenas veja a beleza e uma quimera da essência dessa mesma Lua, não por maldade, mas porque seus olhos não sejam olhos de Ver. Talvez esse "não eu" não veja a Lua quando ela está nova, como eu vejo. "Quer uma luneta?", alguém pergunta. "Não, não precisa. Meus olhos são de Ver". Desço as palpebras e meus olhos de Ver Vêem. Vejo as nuvens, vejo o céu, vejo o vão da rua, Vejo a Lua. Alguém toca no meu ombro:
- A aula começou.
Para o meu, para o meu amor morrer.

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