sexta-feira, outubro 22, 2004

Um dia a faca andava distraída. Sem quê nem pra quê, conheceu o pescoço. A faca gostou do pescoço e o pescoço gostou da faca. O pobre do pescoço não conhecia pra que servia a faca. A pobre da faca, não sabia que podia cortar o pescoço. Ou sabia. Mas a faca, mesmo gostando, ficou com medo do pescoço. E fugia, e o pescoço ia, e fugia e o pescoço ia. Um dia, cansada de fugir, a faca parou. E o pescoço, cansado de correr, nela deitou. Mergulhou. hoje o pescoço é só um toco e a faca ainda é uma faca, sangrando o sangue do pescoço. Mas na faca, ainda sobrou um pedaço do pescoço. O palhaço do circo sem futuro. Mas ainda estou vivo. Ninguém me acertou um tiro.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial