quinta-feira, julho 25, 2002

A Esfinge ou a Mulher Indecifrável

O heroi vai caminhando e vê de longe a Esfinge. Ele sabia que a encontraria. Revisa mentalmente todos os seus conhecimentos, tudo que aprendeu pra esse momento. Chega se prosta na frente da Esfinge e espera. Depois de algum tempo, percebe que algo está errado. Ela parece aérea.. Distraida... As vezes o olha, mas com um olhar displicente, como se não se desse conta de que ele estava ali, ou o que o tinha levado a Ela:
- Ô!!! Ei!!!
Pachorrentamente, Ela se inclina pra ele:
-Hã...? É comigo..? - e olha ao redor.
-Putz... Me fodo todo numa viagem feladaputa, um calor dos infernos nesse deserto, sem comida, com pouca água pra isso. Claro que é contigo!! Com quem mais seria??
-Sei lá. Não existe só eu no mundo, sabia?
-?!?!?!?!!? Olhe ao redor?!?1?! Vc ver alguém?
-É mesmo. Isso anda tão deserto... Vc sabe porque?
-Hã? Você é louca?!?! Vc é a Esfinge, certo?
-Sim.
-Então...?
-Então o que? Tá doido?
-A pergunta!!!!!!!!
-Que pergunta menino?!?!
Nosso heroi joga sua espada e escudo ao chão, em total desespero. Olha icrédulo pra figura enorme a sua frente tentando decifrar o que seu olhar quer dizer. ela devolve o olhar com a maior placidez, como se diante de uma criança traquinas, que andou fazendo uma molecagem. Sem saber o que fazer ele joga-se ao chão de costas, fica contemplando o seu azul, snetido o calor quase insuportável da areia esquentar sua armadura. é quase um autoflagelo pra recuperar o controle. Depois de um certo tempo, ele ouve:
-Cuidado...
Com as esperanças renovadas, ele levanta de um pulo, pega o escudo se arma com a espada, conserta a coluna e espera a continuação:
-Essa areia é muit quente, vc pode se queimar.
Estupefacto, ele continua na mesma possição, sem saber como reagir. Começa a achar que está louco e que aquilo era uma miragem. Esfrega freneticamente o olho, tentando apagar a visão, mas, obviamente, não consegue. Ela, toda solicita, oferece:
-É cisco? Quer que eu sopre?
-Não!!! quero a pergunta!! A pergunta!!!!
-Ih... Lá vem vc com essa história de pergunta de novo... Aliás, o que vc veio fazer aqui, sozinho, nesse deserto, um calor filha da puta. O que vc quer?!?!?
-Passar!!! Eu quero passar!!!!!
-Ah, passar não pode!!!!
-Então!!! É isso que estou dizendo!! Quero passar e vc tem que fazer a pergunta!!!
-Tenho?? Qual???
-"Decifra-me ou te devoro!" Essa pergunta!!
-Nunca ouvi antes... e se vc decifrar-me? O que acontece?
-Ai meu deus... Bem que mamãe falou pra eu ser ladrão... Mas não, tinha quer ser cavaleiro... Se eu decifrar eu passo.
-Hum...É... Parece divertido... Parece justo... Tá bom.
-Então?
-Então o que?
-A PERGUNTA!!!!!
-Mas vc não já sabe? Tem que perguntar? Esses humanos... Tá bom, lá vai: "Decifra-me ou te devoro!"
Silêncio. Nosso heroi, empolgadíssimo aguarda a segunda parte da pergunta. Aquela que selará o seu destino. A glória da morte ou a alegria da vitoria, o coração pulsava, ele suava, tremia, não de medo, mas de emoção. E esperou... Um minuto... dois minutos... Foi ficando impaciente:
-Cadê?
-Ai, meu deus... Cadê o que agora?
-O resto da pergunta. O enigma.
-Resto? Não tem resto...É isso. Decifra-me ou te devoro. Gostei... é só.
Abismado, ele olha no fundo do olho da Esfinge, na esperança de entender o que aquilo queria dizer, de poder penetrar em sua rebusacada mente e compreender o que se passava por lá. O que ela queria dizer com aquilo.
-Não. Tá errado. Tem que ter outra pergunta. Assim não dá.
-Assim não dá? Assim vc não me decifra?
-Não.
Novo silêncio.
-Então tá. Foi sua ideia. Corre.
-O que?!?!?!
-Corre. Vc não me decifrou. Corre.
-Mas... Vc não perguntou...
-Perguntei, vc me olhou o quanto quis e não conseguiu me decifrar. Corre.
-Mas assim vc é indecifrável! Tem que falar algo...
-Bom, sempre me disseram que não sou muito de falar. Corre.
-Mas..
Paft, pou, nhac, burp, teim, teim.... Burp!!!
-Mandei correr...

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