quarta-feira, agosto 28, 2002

Tempo. Essa coisa engraçada que agente não define. Essa coisa que não tem como se livrar. As vezes cura, as vezes mata. Hoje eu estava no shopping Barra, fazendo uma hora. Fui comer algo. Sentei numa mesa, e fiquei passeando meus olhos pelas pessoas. Há muito fiz os shoppings minha praça de interior. Um lugar que eu vou, pra sentar, tomar uma coca, fumar um cigarro e ver as pessoas passando, encontrar conhecidos. Hoje, mudei minha praça habitual, o Iguatemi, pelo Barra. Passa um casal, que me chama a atenção. Gostei do chapéu dele. Vejo numa mesa próxima, uma antiga colega de escola. Carla. Sei lá, talvez sete anos sem a ver. A olhei uns instantes e lembrei da nossa história. Um pequeno affair, que não resultou nem num beijo. Paquera de um lado, paquera do outro e passou. Me peguei a fazer um inventário das pessoas que eu não via há tempos. Minha primeira namorada, 14 anos atrás. A segunda, a terceira que beijei só pra fazer ciúmes na segunda. A primeira vez que me pediram pra ver meu... meu... enfim. Rafaela. Lá pela sexta ou sétima série. Num passeio ao sítio da escola. Escondidos no mato. Patricia Tosta. Desespero da 7ª série. Algumas menos importantes, cheguei a 1993. 1º ano. Foi um ano bom. Viagem a Disney. Grande viagem. E não foi pelo Mickey. Depois, Thaís, que tanto me esnobou na infância. E Andréia. Arriscaria-me a afirmar que Andreia foi meu primeiro amor, se não fosse algo doentio. Era uma obceção. Era uma paixão desenfreada, que matava e fazia viver. Ela tinha um namorado de dois anos e ficamos juntos 3 meses. Numa relação de amor e ódio que, hoje, me assusta. Faziamos loucuras nos corredores da escola, no retiro da Crisma, na própria sala de aula. Loucura e desespero. Real desespero. Não, não era amor. Não era paixão. Era algo doente. Cínico e sincero. Violento e amoroso carnal e espiritual. Tinha então 15 anos. 15 anos! Vivendo uma relação doentia de prazeres carnais, juras de amor, rigas violentas e uma necessidade patológica um do outro. Mas ela não queria sair da segurança do namorado mais velho, submisso, que sabia de tudo e fingia que não. E eu cansei daquilo, me desviciei e gostei de outra. O final foi patético. Ela me agarrou num show, quando estava quase ficando com a outra de quem estava gostando, enquanto a oficial, Tháis, estava num outro canto, esperando eu voltar com a cerveja. Sim, nesse tempo eu era um canalha. Recusei, a empurrei, mas ela sempre voltava. Entrou em desespero quando viu que relamente tinha acabado. Prometeu mundos, terminar com o namorado, ser só minha e ser minha mulher. Mas eu não queria. Estava curado. O fim foi um tapa na minha cara por ter recusado um beijo. 15 anos. A vi há pouco tempo, na sua formatura, mas resolvi não falar. Algumas coisas devem ser deixadas pra trás. Depois vieram tantas outras. Umas mais, outras menos importentes. Hoje, imagino pra quem eu sou história, pra quem eu nunca fui história, e pra quem pensa que sou presente, mas já estou indo, virando história... E veio a mulher número 1: A que eu mais amei, mas me deu um chute na bunda. Juliana. Depois, a número 3: Loucuras na cama, mas nunca seria a nº 1. Raquel. Depois veio a número 2: mulher perfeita pra minha vida. mas, por um motivo que eu sei muito bem, a expulsei definitivamente da minha vida. E vou ter que amargar isso pro resto dela. Marina. Hoje, estou na quarta mulher: De repente, apareceu. Seria a mulher da minha vida, faria esquecer as outras. Identifiquei caracteristicas da 1 e da 2. Mas ela não viu a menor graça em mim. Fernanda. Volto pra Carla. Pro presente, ali, naquela mesa do shopping. Penso se ela seria a número 5, mas isso não tem como saber. Provavelmente, nem vai me reconhecer, 20 quilos mais magro e com o grande, trançados, preso numa tiara. Mas ela olhou, reconheceu e sorriu. Dei um sorriso de volta. Passo na mesa, conversa rápida 15 segundos. Saindo, penso que nunca mais devo vê-la. Resolvo ir pra minha praça habitual, o Iguatemi. Fui. No início do passeio, dou de cara com o casal do chapéu bonito. Dou uma risada por dentro, penso nas probabilidades estatísticas disso ter acontecido, e rindo alto, penso que, dessa vez, nunca realmente é tempo demais. Posso encontra-lá daqui a 15, 10 ou cinco anos. Ou mesmo amanhã. O tempo... Coisa engraçada. Hoje eu sou a história de amanhã. Ontem, eu fui a história de hoje. A cada segundo, você é a história do próximo. A história, não é algo parado, imutável. É o que construímos a cada segundo. É o que somos e o que fazemos a cada segundo. É a soma dos instantes infinitésimais. 5 minutos são suficientes pra mudar o rumo da sua vida. Disse eu que estava na quarta mulher? Não. Os instantes passam, a história vai sendo feita. As pessoas vão virando passado. Aos poucos. A cada milésimo de segundo. Passado. Estou indo, adeus. Vou seguir o tempo, que é a própria vida, pra frente, sempre pra frente. O futuro que vai sendo feito agora. E o melhor do futuro, é quando ele chega. Por que você respira, relaxa, se sente aliviado e começa a construir o seu próximo futuro.

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